A Merendeira

O caldo verde era sempre na Merendeira.
Sempre de noite, sempre de madrugada já alta. Era assim depois das saídas, depois das aulas de faculdade. Havia o fumo da panela, umas meninas de olhares rápidos que já nos conheciam ao entrar a servir o pão com chouriço enrolado em papel reciclado, o caldo verde sempre bem temperado com o melhor do caldo, sempre quente e com o brinde da rodela de chouriço forte. Aquilo enchia, pá. Enchia do vazio da noite mal dormida. Enchia a noite de rodopio pelas ruas da cidade. Enchia a alma. Era um objectivo. Ir à merendeira e depois para a casa/quarto alugado. Nem sei se ainda existe mas merece um pequeno tributo pelo papel reciclado que teve nas minhas noites acesas. Mais pelo meio da semana, que ao fim de semana era para ir à santa terra ver os velhos. Abençoados.

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